Pois é: geralmente é assim que Jericoacoara te recebe: Com a vista arrebatadora da famosa duna ao pôr do sol.

Estive poucas vezes no Ceará, mas nas ocasiões em que visitei tive a chance de conhecer Cumbuco. Canoa Quebrada, Morro Branco, Beach Park e a Praia do Futuro. E depois, ainda, Jeri – como é chamada pelos íntimos.  E como quase todo mundo, eu me apaixonei também por este cantinho.

Porque a fama de Jeri? A dificuldade do acesso vindo de Fortaleza ajuda, porque dá aquela cara de lugar afastado, recanto, etc. Só que mesmo assim, a galera foi chegando, chegando, e deu no que deu: Jeri hoje tem cara de point badalado, com com pé na areia. O melhor dos mundos, na minha opinião.

Mas vale o aviso: exatamente por ser meio chatinho o tempo de viagem de Fortaleza até lá, vale a pena reservar mais dias para de fato curtir Jeri. Então, quem começa a Rota das Emoções pro aqui, pode aproveitar para deixar uns 2 dias de vida mansa na vila antes de seguir caminho para Camocim (que, diga-se de passagem, só o caminho é um passeio bem legal).

E o que tem para fazer em Jeri, além de assistir o pôr do sol?

Caminhar até a Pedra Furada: a dica é fazer isso bem de manhãzinha, para chegar na Pedra por volta de umas sete horas da manhã. Nessa hora a horda de turistas ainda não chegou e o sol também está mais agradável, o que permite fazer a caminhada sem tostar muito;

Ir até a Lagoa do Paraíso e Lagoa Azul: Falaremos dela mais abaixo, mas sabe aquela imagem clássica de redes penduradas sobre águas turquesas? Então, é isso! 🙂


Shopping: momento de alegria da mulherada! Em Jeri há algumas lojinhas de artesanato bem interessantes: vale visitar a Arte Jeri, que fica na rua da praia, pertinho da Rua principal, e que tem roupas de algodão (batas e vestidos, alguns a bons preços), redes, artesanato de cabaça… Outras lojas que ficam na mesma Rua Principal vendem cerâmicas da serra da Capivara (para quem não sabe, é aquela serra no Piauí onde foram encontrados desenhos nas paredes feitos por homens há muitos anos atrás. E as cerâmicas são uma gracinha!). Ah, e vale a pena dar uma olhadinha na loja das Havaianas também: sem chão pavimentado, você entra dentro da loja e experimenta os chinelos com o pé na areia mesmo!
Comer: Jeri conta com boas opções, especialmente em frutos do Mar. Mas as minhas sugestões (avaliadas no nível “voltaria lá só para comer ali”) são o restaurante da Pousada do Paulo, na Lagoa do Paraíso (lagostins pecaminosos!) e o Da Vinci Ristorante, um restaurante italiano ma-ra-vi-lho-so! Mais informações sobre eles eu conto mais lá embaixo!

Porções servidas no Restaurante do Paulo. Ali atrás, um peixe que estava divino. Mas o lagostim, que chegaria depois - e que não deu para fotografar - é que arrebataria meu coração!
Porções servidas no Restaurante do Paulo. Ali atrás, um peixe que estava divino. Mas o lagostim, que chegaria depois – e que não deu para fotografar – é que arrebataria meu coração!

Fazer o passeio de bugre até Camocim: o passeio é lindo, lindo, lindo. E a paisagem muda completamente em época de cheia ou de seca.

Aprender ou praticar kite-surf e wind-surf;


Assistir o pôr do sol na duna: compromisso inadiável e incansável de todos os dias;

Se divertir: Jeri tem vários barzinhos e boates deliciosos, todos ao som de forró, reggae e coloridos com caipifrutas de todos os tipos e sabores. Tudo, claro, com aquele jeito descontraído e cearense de ser. A areia onipresente elimina a afetação do salto alto e das altas produções. Rastapé, ali, é mais do que música, é jeito de ser. Ótimo para curtir com amigos ou para flertar.

Jeri para quem quer esporte…

Além de morgar na praia (opção irresistível), é um lugar delicioso para aprender e/ou praticar wind e kite-surf. Por ficar lá em cima do nosso Brasil Brasileiro, o Ceará tem a localização geográfica que melhor aproveita os ventos do Nordeste para a prática do esporte – os ventos correm ao longo da costa e não para dentro do mar, como acontece no Rio de Janeiro, por exemplo.

E o lugar que tem a melhor estrutura pra isso é o Club Ventos, que fica no cantinho da praia.

Achei o point ótimo, e por vários motivos:

Para os praticantes de kite e wind, toda a estrutrura necessária: eles alugam os equipamentos de acordo com o seu nível; possuem instrutor para dar aulas se for o caso; possuem um sistema de segurança, que são funcionários que ficam no mar equipados com walkie-talkie, e no primeiro sinal de problema (um tombo muito feio ou simplesmente um kite que desapareceu levado pelo vento e a pessoa está demorando a reaparecer) eles se acionam entre si e vão prestar ajuda. Há também a guarderia para quem tiver levado seu próprio equipamento e quer deixar lá. 

Para os acompanhantes, um lounge delicioso, com cadeiras, almofadas, um bar estiloso, musiquinha ambiente, uma vista maravilhosa e um bar pronto para refrescar o calor (como está ali na foto);

Para iniciantes, um ótimo lugar para ter aulas. Na época em que vi, um pacote de 10 horas de aula, de kite para iniciantes custava em torno de R$ 800,00.
Muita gente bonita. Muita. Sério. Uh-la-lá. 🙂

Eventos especiais: Em algumas noites, eles organizam uma sessão de cinema no lounge. Pipoca é servida para todos, e ficam vários grupos sentados ou deitados em puffs confortáveis, assistindo o filme num telão (tudo bem, boa parte dos filmes é sobre windsurf, mas o clima é uma delícia). E tudo ao ar livre, com um céu estreladíssimo e aquela brisa morna de Nordeste. Delícia, viu?

Porém, vale dizer que Jeri mesmo é imbatível no wind-surf: é um dos melhores lugares do mundo para o esporte.

O kite também é bastante popular, mas não na Praia de Jeri mesmo. Para fazer o esporte sério, o melhor é ir à praia do Preá, um pouquinho mais distante da vila.

Ou, ainda, vale aproveitar um 4×4 e sair praticando nas lagoas da região, como a Lagoa do Paraíso, por exemplo.

… e para quem quer vida mansa!

Dica do coração: vale muito a pena pagar um buggy ou pegar um transporte saindo da Vila de Jericoacoara a caminho de Jijoca, e pedir para parar na Lagoa do Paraíso. E ficar um dia inteirinho lá, de bobeira curtindo a vida mansa.

E nem te conto como a vida é difícil lá…

Oxe, pense num problema: você está aqui, nessa vida difícil, e de repente o garçom te chama porque sua lagosta está pronta. Olha que situação!

Vale dizer que essa é, indiscutivelmente, a melhor área da região para passar o dia. Por isso, vale o aluguel de um buggy ou  o transporte até lá, e combinar uma hora para voltar – ter liberdade para curtir o tempo aqui é uma boa.

Outra dica: agende seu almoço no restaurante que fica na Pousada do Paulo. Os pratos servidos são frutos do mar e valem cada centavo (fica a dica: nós comemos os lagostins da casa – absolutamente divinos!).

Mas volte à tempo para ver o pôr do sol de camarote na duna de Jeri. A fama não é por acaso: o céu todo se pinta de um amarelo incandescente. E quando a gente falar de que vale a pena chegar cedo, não é para garantir seu lugar ao sol (porque a duna é como coração de mãe, sempre cabe mais um). A gente pede é para você poder ver todas as nuances de amarelo e laranja que vão se alternando no pôr do sol. São lindas que só.

E não repare: é relativamente comum o pessoal bater palmas após pôr do sol. Sinta-se à vontade para bater também, ou não. Afinal já diziam mesmo que as melhores coisas do mundo a gente faz de graça…

Onde se hospedar

Jericoacoara é pé na areia como um todo, mas garante conforto e hospedagem para todos os tipos de bolsos.

Os mais abonados, por exemplo, podem ficar no My Blue, um hotel de primeira linha, antigo Mosquito Blue (cujo luxo já foi exportado até para o México, mais especificamente para Playa del Carmen) mas com o sotaque e o molejo mole de Jeri. Destaque para a piscina azul como o nome, os quartos confortáveis e café da manhã farto – mas, como a cidade manda, oferecido no pé da areia, em frente à praia. Para fazer a reserva no My Blue pelo Booking.com, clique aqui.

Veja todas as opções de hotéis e pousadas em Jericoacoara pelo Booking.com.

Eu, particularmente, fiquei na pousada Surfing Jeri, super acolhedora. Não é super de frente para a praia (embora, convenhamos, nada em Jeri é longe demais), mas fica bem pertinho do burburinho das lojas e restaurantes. O que gostei mais ali foi a privacidade: os quartos são em bangalôs climatizados e confortáveis, a 70 metros da praia. Todos os bangalôs são charmosos e coloridinhos, bem ao estilo alegre do Nordeste, e contam com uma confortável varandinha e uma rede (para mim, fator importantíssimo nas férias! Curti e voltaria fácil. Para fazer a reserva de lá pelo Booking.com, clique aqui.

Só para vocês terem uma idéia de como andar por Jeri (coisa simples toda vida, porque a vila é bem pequena), segue um mapa:

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Como chegar

Para quem vai de carro (seja alugado ou próprio) vale se preparar para a estrada: são aproximadamente  6 horas de estrada, altamente recomendáveis que sejam feitas em um carro 4×4, já que Jeri fica dentro de um Parque Nacional e não possui via de acesso com asfalto (são aproximadamente 28 km em puro off-road e areia). Mas quem topa a aventura, pode sair de Fortaleza  até chegar em Jijoca de Jericoacoara. Para quem faz o sentido inverso, é preciso chegar até Camocim no Ceará vindo do Piauí, e depois seguir mais 60 km off road passando de balsa pelo rio Cureaú.

Importante: depois de tudo isso, não é permitido entrar de carro na cidade: é preciso procurar os estacionamentos dentro de Jeri e deixar o carro lá: todo o transporte dentro da cidade é feito a pé, de bike, de jegue ou de buggy.

Mas para quem tá na vibe de fazer a Rota das Emoções toda, ou apenas esse trechinho pelos arredores de Jeri, pode lançar de uma opção mais interessante: pagar uma diária de um motorista e vir de Fortaleza até Jeri passando (e parando, claro) pelas praias; ou fazer o mesmo no sentido inverso, saindo de Camocim, do lado cearense e quase da divisa com Piauí, até Jeri – também pelas praias e pelas Dunas, curtindo o passeio. A opção sai um pouco mais salgada, claro – mas vale a pena se considerar o conforto e o fato de ter um motorista a disposição, e com isso a possibilidade de chegar em praias mais inacessíveis pelas rotas tradicionais – e nem é preciso dizer que é nelas que o Nordeste mostra o seu melhor, né? 😉

Para quem optar por essa alternativa, pode entrar em contato com o Bora Turismo (contatos com a Vanessa e o Mariano, através do e-mail boraturismojeri@hotmail.com, ou pelos telefones 88 3669 2116 / 9994 0172 / 99100738) ou com a Maresia Viagens e Turismo (contato com o Guilherme Sá, um português muito gente boa e cheio de história para contar. Telefone 85 8819 1112 e 3458 1808 ou e-mail maresia@fortaleza.tur.br). Os preços das diárias variam de acordo com o tipo de veículo e, obviamente, a temporada, mas como é o valor da diária do carro, se a viagem for feita com mais pessoas (quatro passageiros é o número máximo e ideal), o valor por pessoa fica mais barato.

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Fazendo as malas:

Protetor solar poderoso, chapéu, óculos escuros e repelente são indispensáveis. Como venta o tempo todo, a gente nem sente os efeitos do sol na pele, mas depois quando sente… Já era!

Evite muitas malas, malas de rodinha… Todas elas são ruins na hora de serem levadas na areia. Se der para colocar tudo numa grande bolsa, ou num mochilão, melhor ainda – fica mais fácil para carregar!

O mesmo vale para carrinhos de bebê. Nada contra seu pimpolho ir junto, mas carrinhos não circulam bem por lá. Mamães podem pensar em outra alternativa como aqueles certos de bebê, slings, etc.

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Onde Comer

 Jeri tem vários restaurantes delicinha pelas ruas da cidade, todas com a vibe pé na areia, e recomendo fortemente experimentá-los – em especial todos que oferecerem frutos do mar no seu cardápio.

Minha dica: caso ache uma casquinha de aratu ou um caldinho de sururu, não pense duas vezes e experimente. Valem a pena! 😉 E ainda pode me mandar uma mensagem por aqui me contando, para eu morrer aguada de vontade!

Mas minha sugestão – e falo de coração – é, pelo menos por uma noite, deixar os pratos nordestinos para lá e render-se a um cardápio italiano.

E não estamos falando de um macarrão à bolonhesa… Fomos conhecer o Ristorante Leonardo da Vinci, que fica na Rua Principal, número 40, em Jeri. O dono e chef, um italiano super bem humorado (Roberto, gente boa que só) é daqueles que destoam da cidade, todo engomadinho em seu avental branco numa rua que respira havaiana e a vibe colorida de praia. Mas o talento é de italiano e a simpatia é de nordestino para conquistar os clientes, visitando cada um de tempos em tempos na sua mesa, com toda a atenção para explicar cada prato. E como todo apaixonado pelo que faz, ele fala com tanto “elán” que eu menciono esse restaurante para explicar as delícias italianas em um post sobre a Toscana, aqui.

Mas o que provar? Quando estávamos lá, ele estava testando um menu de degustação, com várias pequenas porções italianas de-li-ci-o-sas que vinham intercaladas para nosso deleite e apreciação. A julgar pelo tamanho das porções, a gente achou que continuaria com fome e que o jantar não ia dar nem para o gasto. Ledo engano: são em tamanho exato para dar o gosto e ir matando a fome pouco a pouco, a ponto da gente ter que lutar para arrumar um espaço para a sobremesa: essa sim, a mais deliciosa que já comi em toda a vida.

Então, se tiver rolando o menu degustação por lá, aproveite. Se não, vá com fé em qualquer outro prato da casa – será produzido com igual esmero. Mas não esqueça de deixar espaço para a sobremesa. Palavra de amiga: você não vai se arrepender! 🙂

E como a Rota das Emoções nos chama, vamos seguindo: de buggy, pela praia, até Camocim, no Ceará.

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Se você gostou desse texto, acompanhe a série sobre a Rota das Emoções aqui:

Lençóis Maranhenses: lagoas, camarões e vida mansa em Atins

Lençóis Maranhenses (ou o que fazer quando as lagoas estão secas)

Rota das Emoções: do Piauí em direção aos Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

Rota das Emoções: a revoada dos guarás no Delta do Parnaíba, Piauí

Rota das Emoções: as vivências com rendeiras, pitangas, cajuína e catadores de carangueijo no Piauí

Barra Grande em 10 motivos: para você visitar todos e parar de desdenhar promoção de passagem para o Piauí

Rota das emoções: viajando de buggy de Jericoacoara a Camocim, no Ceará

Rota das emoções: dicas do que fazer em Jericoacoara por quem começa a viagem por aqui

Rota das emoções: onde é, o que vale a pena fazer lá e como planejar sua viagem no Nordeste

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Esta jornalista e blogueira fez a Rota das Emoções a convite do Sebrae Rota e dos empresários de turismo envolvidos no projeto.

Comments

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

6 COMENTÁRIOS

    • Dilbert, fico feliz que as dicas estejam ajudando! Você vai adorar a Rota das Emoções, foi uma das melhores viagens que eu já fiz no Brasil – se não foi “A” Viagem!
      Dei uma olhada no seu blog, muito legal! Bem vindo à blogosfera viajante! 🙂

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