Está aberta a temporada de cruzeiros pela Europa. Mediterrâneo, Escandinávia, ilhas gregas… É só escolher o destino e embarcar para um dolce far niente merecido sobre as águas.
E por isso eu tive a idéia para esta série sobre cruzeiros na Grécia, com dois posts rápidos sobre o assunto. Mas vale explicar de onde ela surgiu:
Durante minhas férias pela Europa no ano passado, fui com a família de uma grande amiga para um cruzeiro pela Europa, com paradas nas ilhas de Santorini e Corfu. Tudo mágico, tudo lindo, visto que eu e toda a família éramos marujos de primeira viagem. Logo, como não ficar entusiasmados coma possibilidade enfim colocar nosso pezinho lá nas tão sonhadas ilhas gregas?
O ruim é que é muita empolgação para pouco tempo: apenas 8 horas de parada. E não são 8 horas brasileiras, daquelas que sempre atrasa um minuto aqui e outro ali, e com negociação e jeitinho a gente consegue esticar mais uma horinha aqui e ali. Não, são 8 horas mesmos, sob o risco de se ficar literalmente a ver navios. E ilhas de sonho não cabem em oito horas.
E, em todo cruzeiro, toda noite os quartos recebem a programação do dia seguinte: que inclui, nos dias de parada, uma sugestão de tour organizado pelo cruzeiro pelo destino, com os highlights a serem visitados, paradas para compra (claro) e o valor bonitinho a ser incluído no final. Ultra prático.
Pensamos se valia a pena fazer os tours. Se por um lado, o tour oferece toda a comodidade do mundo, já que você não se preocupa com transporte, guia e só resta seguir o grupo (com a vantagem de que o tour é creditado diretamente no seu cartão pela equipe do navio e você não precisa por a mão no bolso – exceto para as compras, claro), por outro a gente ficou com aquela dor no coração de querer conhecer o mundo (ou, no caso, a ilha) em 8 horas, fazendo o máximo que poderíamos fazer com o nosso tempo disponível, sem a obrigatoriedade de seguir ninguém. E como viajantes independentes que somos, a idéia de seguir por nossa conta era até interessante.
Moral da história: fomos por nossa conta. E como ir num tour e ir por conta tem suas próprias dores e delícias particulares, achei que valeria a pena contar como foi a experiência aqui, incluindo ainda as dicas do que fizemos, não fizemos e deveríamos ter feito para curtir mais e melhor Santorini.
Mas que fique claro duas coisas:
- Na minha opinião, não dá para conhecer lugar nenhum em 8 horas – e especialmente em se tratando de ilhas gregas, é até um pecado. Mas como num cruzeiro 8 horas de permanência “é o que tem para hoje”, encare as 8 horas de um cruzeiro como um “menu de degustação”, daqueles em que a gente prova, fica com o gostinho na boca e volta depois para saborear com mais calma. Porque merece.
- Não acho que posso afirmar o que é melhor, ir no tour organizado pelo cruzeiro ou solo. Cada um tem suas vantagens e desvantagens, e fica tudo a critério e gosto do freguês. Mas fica aí a sugestão de mais uma alternativa para quem quer desbravar por conta própria, mas tem pouco tempo para isso.
Dito isso, vamos às dicas! 🙂
A chegada de navio:
É preciso dizer que poucas ilhas despontam tão belas no horizonte quanto Santorini: as casas brancas surgem como uma nuvem, quase etéreas, encarapitadas por sobre um enorme paredão de rocha em pleno Egeu. Coisa de beleza grega mesmo.
Ao descer com o seu navio, fique atenta ao horário de descida do seu grupo, geralmente já organizado por seções. Em Santorini, particularmente, a vantagem de ser um dos primeiros a descer – ou a desvantagem de perder a sua vez – faz diferença: a chegada geralmente é feita no porto de Gialos, e devido ao paredão de rochas, é preciso fazer uma subida de cable car ou – para quem quer algo mais diferente – de burro até a cidade de Fira, lá em cima. Mas como a chegada de todos os navios geralmente acontece ao mesmo tempo, rola uma fila básica para subir no vagão. Logo, o ideal é ficar atento ao seu horário de descida do navio e já se programar para fazer a subida o quanto antes e aproveitar mais tempo lá em cima.
A subida também pode ser feita de burro, e demora uma meia hora, mais ou menos. Mas eu, particularmente, não recomendo. Não por causa dos pobres turistas que vão subir desconfortáveis no lombo do bichinho, mas pelos próprios animais – a maioria maltratados, machucados e, quase sempre, trabalhando por horas sem água, sob um sol quente e carregando um peso muitas vezes superior ao seu próprio corpo (tem um post explicando bem sobre isso aqui).
A chegada do cable car já deixa os turistas em Fira (também escrita como Thera, ou Thira), a parte mais comercial da ilha. Ali é onde estão as lojinhas e restaurantes com aquele vizu famoso, à beira de precipícios e de uma brancura espetacular, oferecendo uma vista e preços proporcionais à sua altura.
E é ali que você pode começar a planejar as suas 8 horas em Santorini.
Existem algumas opções, e nem sempre dá para fazer todas. Mas o que você pode fazer em seu dia de Santorini é:
- Perambular por Fira e suas lojinhas simpáticas, parar num café interessante para aproveitar a vista ou simplesmente fazer compras. É uma boa pedida para quem ama compras e não faz questão de andar muito – especialmente sob sol forte, ou se quer aproveitar a vista sossegado sem andar muito (vale dizer que a ilha de Santorini tem um relevo muito irregular e alguns passeios exigem um pouco na hora de subir degraus. Nada mal para quem está em forma, mas pessoas com mais idade ou com problemas nos joelhos podem sentir mais;
- Uma ida à praia de Kamari, para quem acha que não pode sair de Santorini sem mergulhar no mar Egeu;
- Um pulinho em Oia, cidadezinha simpática de Santorini, mais sossegada que Fira (já que esta é a primeira a receber a enxurrada de turistas dos cruzeiros);
- Um passeio à ilha de Thirassia, uma das partes do antigo vulcão que era Santorini e que se desprendeu depois da explosão. O passeio inclui uma ida de barco, uma caminhada sobre a ilha e um almoço.
Mas olha, não dá para fazer esses quatro passeios em 8 horas.
Fuen, fuen, fuen, fuen…
Então como montar seu roteiro? Agora vale a pena definir as prioridades entre compras, praia e caminhada. Dá para fazer dois a três desses passeios, mas sem tirar o olho do relógio.
Uma dica do que fizemos (que ficou apertado, mas deu): um passeio rápido por Oia (1 hora no máximo), um pulinho na praia de Kamari com direito a almoço por lá (2 horas) e um passeio por Fira (no resto de tempo que sobrar). Quem quiser ir a Thirassia provavelmente terá que riscar dois passeios e ficar só com uma volta por Fira, provavelmente.
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Sobre o deslocamento:
Em Santorini é possível fazer o aluguel de motocicletas, lambretas e dos fofíssimos minis, para perambular pela ilha. Eu sugeriria esse aluguel sem sombra de dúvidas, ainda mais porque é barato, mas fica aqui uma sugestão: como o seu tempo é escasso na ilha e a possibilidade de se perder nas ruelas aqui e ali podem significar preciosos minutos a menos de praia, considere encontrar um taxi e acordar com ele um preço fechado para levá-lo a todos os lugares que deseja e ainda esperar por lá. É uma boa alternativa para quem está viajando em grupo.[/alert]
Mas você decidiu o seu roteiro. E seja qual for ele, deixe para incluir as comprinhas e a curtição de Fira por último, já que você terá que voltar por lá mesmo até o seu barco.
E porque ficar sassaricando para cima e para baixo de sacola é muito chato…
Se você optou por dar um pulinho em Oia…
Se você quer dar um pulo em Oia, opte por pegar o táxi logo e correr para o vilarejo, localizado a 300 metros acima do nível do mar, para curtir o vizú antes da chegada dos outros turistas. Casinhas caiadas de branco e em formato de cubos repetem no horizonte o contraste de azul e branco indefectível da bandeira grega. Para quem tem o joelho em dia, vale a pena subir até a entrada das igrejinhas, no alto da montanha, absolutamente apaixonantes de tão simples – mas quem não tem deve ter cuidado, pois as escadarias são repletas de degraus íngremes e escorregadios.
A vila conta com duas igrejas, uma católica e outra ortodoxa. Demos o azar de pegar as duas fechadas – e se estivessem abertas, não saberia dizer se teríamos tempo para curtí-las como merecem. Mas vale a pena passear pelas ruelas impecavelmente brancas e registrar as simpáticas casinhas e suas pistas de um cotidiano como o nosso: carrinhos de bebê, regadores semi cheios, varais de roupa… Sinais de uma presença de gente como a gente.
Mas olho no relógio: 40 minutos no máximo para Oia porque – “oia só” – tem uma praia grega te esperando… 😉
Kamari, a praia de pedras negras (e mar azul)
Como Santorini tem um histórico vulcânico para lá de peculiar, é constante a presença das areias vulcânicas ao invés da areia como a conhecemos, o que faz do ato de ir à praia uma experiência totalmente diferente. E Kamari tem disso: a visão parece estranha à primeira vista, assim como o caminho até o mar – esteiras fazem às vezes de passarelas, levando do calçadão até as chaise longues, porque o cascalho negro chega a machucar a sola dos pés (leve suas havaianas!). Mas tudo fica mais fácil depois do primeiro mergulho no mar, sempre onipresente e incansavelmente azul.
Em tempo: em pleno verão, o mar não é tão gelado assim, e compensa em muito o mergulho. Saindo da praia, siga até o restaurante bem em frente à orla, chamado Ethnic, exatamente em frente à entrada da praia de Kamari, e peça sem medo os lagostins, peixes e tzazikis (salada feita de iogurte e pepinos) da casa. De preferência, na sombra e companhia de um vinho branco estupidamente gelado, produzido na ilha. Depois de ter experimentado isso lá, tenho certeza de que a expressão “manjar dos deuses” não deve ter essa referência à Grécia por acaso.
Tempo esgotando… De volta a Fira
Vale dizer que a vila provavelmente estará lotada com os últimos turistas comprando tudo e mais um pouco antes de voltar. Aqui, vale a pena também uma decisão: quem não está interessado em compras e quer voltar logo ao navio ou tem problemas com escadas, considere apressar as compras e ir logo ao cable-car (a fila para entrar chega a levar 1 hora de espera). Mas se as patelas estão em dia, aproveita para curtir um pouco a vista de Fira ( atenção: a Grécia está em crise, mas nem parece: os preços em Santorini são bastante salgados) e volte pela trilha em zigue-zague, uma alternativa ao cable-car e que leva 30 minutos de descida, com sorte com a vista de um pôr do sol absurdamente lindo.
Dispense os burrinhos, tadinhos, e comece a descer com pelo menos 1 hora de antecedência ao horário de partida do barco, para não correr o risco de perder o barco.
E, com o finzinho das suas 8 horas, você pode até perder a experiência do famoso por-do-sol em Santorini, mas pelo menos o assiste em todo o seu esplendor de camarote, do barco…
Mas se você tem mais tempo para curtir a ilha (o que é ideal!):
- Apaixonados pela bebida de Baco podem agendar degustações em vinícolas locais como a Santo Wines, a caminho de Oia. Taí umas das vantagens da terra vulcânica em Santorini: extremamente fértil, são cultivadas mais de 36 espécies de uvas diferentes na ilha.
- Não deixe de conhecer Imerovigli, uma vila ao norte de Fira. Localizado num platô que funciona como uma espécie de “varanda natural” de Santorini, é talvez a melhor opção de hospedagem para quem busca fugir um pouco do movimento de Fira e Oia. Ah, dizem que assistir o por do sol lá é menos disputado!
- Vale reservar o passeio à Ilha de Thirassia, que inclui passeio de barco, uma subida íngreme até o antigo vulcão, um mergulho nas águas termais e um almoço na ilha de Thirassia. Não fizemos, mas babamos nos relatos de quem já foi.
Mas reforçando: como essas paradas de cruzeiros são um “menu de degustação”, quando você voltar para esticar mais uns merecidos diazinhos, seguem aqui alguns links mega bacanas para favoritar e seguir as dicas, de gente série que foi, curtiu e contou tudo no blog deles:
Grécia com crianças: Santorini pode ser kids-friendly!, do blog Viajando com Pimpolhos
Santorini, Grécia: um compilado de posts do ótimo blog Turomaquia.
Transportes em Santorini, por Andarilhos do Mundo
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Para quem vai visitar Turquia e Grécia, leia também:
Éfeso, na Turquia: uma jóia antiga na rota dos cruzeiros
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Gostou do post e vai se hospedar em Santorini? Pesquise seus hotéis aqui:
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Adorei o post, as imagens são incríveis. Mega vontade de viajar, de preferencia de cruzeiro 🙂
Muito obrigada por ter feito este post. Estou indo pra lá de cruzeiro agora em jun/13 e tbém vou conhecer Santorini em 8 hs. Como foi bom ter achado suas dicas. Que bom que tem gente assim como vc! Obrigadaaa!!!
Leila, que bom que foi útil! Eu fiz pensando mesmo em quem, como eu e você, tem pouquinho tempo para conhecer e aproveitar! É uma ilha tão bonita!!! Em breve eu vou postar um material nesse tipo sobre Corfu também, outra ilha grega, e espero que ajude, se você for para lá também! Tenha uma boa viagem! 🙂
ola!!! gostei do seu post!!! o navio que você fez foi o NCL? estou quase fechado esse cruzeiro pela NCL no navio Jade, caso tenha ido nele gostaria de saber se foi bom, ou qual navio vc foi. Aguardo resposta. bjos Patricia
Oi, Paty! Desculpe a demora em responder, estava voltando de viagem! Então, eu fiz com a Royal Caribbean, e não a Norwegian, mas lembro que havia um navio deles (lindíssimo) nos acompanhando e fazendo a mesma rota que a gente! Não sei dizer a opinião do cruzeiro deles porque não fiz, mas era um navio impressionante, viu? O meu navio era o Splendour of the Seas, da Royal Caribbean!
Parabens pelo blog! suas fotos sao show!
estou indo com minha familia em agosto no cruzeiro,onde somos 6 pessoas,minha pergunta e? existe taxi ou van para 06 pessoas la Corfu?para fazer os principais pontos turistas?ja anotei suas dicas todas.
no aguardo!
obrigada!
Nice
Oi, Waldenice! Que bom que gostou do blog, obrigada para a mensagem!
Então, acabei de responder uma pessoa aqui sobre a mesma dúvida que você: quando estávamos lá com um grupo de 6 pessoas, a gente deu mole e pegou táxi na rua, e só tinha disponível carro normal, e por isso que tivemos que alugar dois taxis (como acontece por aqui, em que dificilmente o táxi leva mais do que quatro pessoas). Mas eu acredito que, assim que você chegar no porto, você vai ter uma opção maior de táxis (que, na prática, chegam em cima dos turistas do cruzeiro feito um enxame). Então, mesmo que a abordagem assim seja meio chata, acho que na hora do seu desembarque é ainda a melhor chance de tentar conseguir um taxi que seja tipo uma van e que possa levar mais gente, simplesmente porque tem mais opção. O tour do navio leva aos principais pontos como o Achilleion, mas é bem corrido e eles não levam à praia (que é linda e vale muito a pena, então se você quiser ir vale a pena negociar com o táxi).
MAs só um aviso: lá tem que negociar tudo antes de pegar o táxi, desde o valor final, até as horas que eles tem que te buscar (dá uma margem de tempo, não pede para eles te buscarem em cima da hora de voltar). E só paga no final, tá? Dica por experiência própria: o nosso taxista fez tudo direitinho e conforme o combinado, mas ele tinha um ar meio “malandrão”, sabe? Então não custa nada a gente se precaver.
Seu blog é fantástico e o bom gosto impera na escolha de roteiros; cada um melhor do que o outro. Se possível, gostaria de saber se é viável um tour abrangendo Itália/Grécia/Turquia/Egito e sua duração. Se não for abusar de sua boa vontade, também outro abrangendo: França/Espanha/Marrocos. Parabéns pelo blog. Obrigado.
Geraldo, fiquei super feliz com o seu elogio, ó! tô toda boba! 😛
Mas veja bem, um tour desses que você falou é viável sim (qualquer tour é), mas eu não tenho como te dizer a duração, porque vai depender do que e de quanto tempo você pretende ficar em cada país (e eu sou do time que acha que quanto mais tempo para conhecer um lugar, melhor).
Numa única viagem eu fiz Grécia, Itália e Turquia, considerando que o trecho Grécia e Turquia foram feitos em um cruzeiro. Deram um total de 20 dias, sendo 7 em cruzeiro e o resto viajando pela Itália. Mas nem ouso dizer que “conheci” a Turquia, uma vez que o país é super interessante, enorme e plural, e merece uma viagem inteira só para ele (eu fiquei lá um dia só).
O mesmo vale para o Egito. Fiquei só no Egito 18 dias apaixonantes, numa viagem só para ele. Então, se você quiser combinar estes 4 países, você tem que ver como prefere fazer e quanto tempo você tem disponível. Não sei se consigo te ajudar muito nisso, porque aí tem que levar mais os seus gostos em consideração!
Já França, Espanha e Marrocos eu não conheço bem a ponto de sugerir um tour, mas o Viaje na Viagem fez um post super completo com roteiros de 9 dias factíveis pela Europa. Não junta Espanha e França na mesma viagem, mas pode dar algumas dicas de como montar uma viagem dessas: http://www.viajenaviagem.com/2012/03/roteiro-9-dias-europa
Espero ter ajudado!
Obrigada pelas valiosas dicas! Somos dois casais e faremos um cruzeiro em Maio, passando por Santorini. Gostaria de saber mais ou menos quanto gastaríamos com Cable-Car, almoço e o taxi dentro de suas dicas, nas oito horas, por conta própria. Obrigada!
Oi, Maria Izabel! 🙂
Que bom que estou conseguindo ajudar com as dicas!
EU não lembro dos preços – foi em 2012!!! – mas Santorini foi, definitivamente, um dos locais mais caros da Grécia, para tudo. O Táxi pode ser negociado na hora, mas não saberia te dizer o valor de qualquer jeito porque depende de para onde você ia querer ir!
De qualquer forma, só se programe para ter dinheiro em mãos (fica mais fácil para negociar).
O Cable Car custava em torno de 4 euros (uma perna só).