Sim, porque Bonito não é só ficar boiando em uma água cristalina para ver peixinhos! 🙂

Mas confesso: quando eu fui a Bonito, não esperava que incluir trilhas de bicicleta no meu roteiro. Tudo o que eu queria era aquela vida mansa que eu via nos passeios de flutuação, no Rio da Prata e Lagoa Misteriosa. Vidão que só.

E aí, acho que nem é só eu que pensa assim: a maioria dos turistas que chegam a Bonito focam a atenção nessas duas atividades e no Abismo Anhumas, outra das estrelas dos passeios da cidade. Quase que todas as atividades promovidas ficam restritas à atividades na água – nada mais natural, considerando a delícia que é mergulhar nos rios da região.

Por isso, talvez, que quando eu fui participar de uma trilha de bike por Bonito (organizada pela Lobo Guará Adventure), eu me surpreendi adorando o passeio. Tudo bem, adoro pedaladas e tal, mas era aquilo: basta pensar em Bonito que eu me imaginava boiando vendo um monte de peixinhos, e esquecia que o que tava do lado de fora da água também era bem legal.

Ah, e como era. 🙂

Bonito_MS_Trilha_Lobo_Guará

O passeio começou em torno de 14 horas da tarde, quando chegamos no escritório da Lobo Guará Adventure, empresa que organiza este tipo de passeios em Bonito. O escritório fica no centro da cidade, e foi lá que conheci o dono, monitor, guia, idealizador e faz tudo do projeto: Márcio Lima, um cara super bom de papo.

Parece, na verdade, que ele nunca pára. Falava conosco enquanto verificava bike por bike, revia equipamentos, media a altura do assento, preparava a câmera e puxava papo – tudo isso ao mesmo tempo. O que me deixava seguro, porque tava nítido que ele sabia o que estava fazendo.

Entre um e outro nhémhémnhém meu (“ai, tô sedentária”, “não vai rápido não”, “pega leve” e outros blablás do nível), fomos seguindo ele pela estrada. Estrada mesmo, pelo acostamento ou no cantinho, e com o cuidado necessário.

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Que seja dito: Bonito é bem bike-friendly. Tanto que a pequena cidade, por ser basicamente bastante plana e tranquila, é prato cheio para o deslocamento por bikes, tanto pelos locais quanto pelos turistas, já que a maioria dos hotéis oferece bikes para uso dos hóspedes (e algumas cobram por isso e outras não). Dá, por exemplo, para alugar uma bike do centro e ir pedalando até alguns dos balneários próximos do centro, por conta própria e economizando no transporte, que conta muito no bolso em uma viagem para lá (Bonito tem uma logística peculiar que a gente explica neste post).

A gente ia pedalando devagar, com atenção à estrada, e num ritmo tranquilo e seguro. Eu ia mais calada (culpa do sedentarismo recente dos últimos 4 meses, feito só de cadeira de computador), e do calorão que fazia: duas horas da tarde e com o sol do centro-oeste a pino, inclemente.

bike logo guará em bonito

Agora, uma coisa legal: Antes mesmo de subir na bike, o Márcio pedia a câmera da gente. E com ela, ia pedalando na frente, atrás, do lado, só tirando fotos da gente. Com a experiência de quem faz isso todo dia há anos, ele sabia exatamente os melhores ângulos, contextos, horários e locais do dia para fotografar a gente. E com a facilidade de uma câmera digital, então, ele largava o dedo – e eu pude felizmente voltar do passeio com várias fotos minhas, coisa rara já que eu viajo muito sozinha. 🙂

Ou seja, às vezes as fotos não saíam boas – mas aí era culpa da modelo que estava estrebuchando de calor, e não do fotógrafo. 😛

Nosso destino era o Parque Ecológico do Rio Formoso, que é um dos parceiros do Lobo Guará Adventure. O nome é Trilha da Lagoa, que é feita na mata ao redor da Lagoa. Assim, a gente pedalava por dentro das trilhas do parque, e com o direito de mergulhar em alguns pontos do Rio Formoso. Sim, tem que ter mergulho, até porque quem vem a Bonito quer saber de água, não é?

E assim fomos. Eu, calada, concentrada. Mas adorando.

Bonito_MS_Trilha_Lobo_Guará2

E enquanto pedalava, fui ouvindo as histórias do Márcio. E descobri que ele foi guia durante anos do Abismo Anhumas, a principal atração de Bonito, quando decidiu abrir seu próprio negócio de tours de bicicleta.

– Todo dia em que eu não tenho nenhum tour programado, eu pego minha bike e saio por aí – disse ele. – E nessas vezes, eu sempre procuro tentar descobrir umas trilhas diferentes por aqui. Quero sempre voltar descobrindo um caminho novo.

Resultado: ele foi o responsável pela abertura de diversas trilhas de bike no local. O passeio pelo Rio Formoso que estamos fazendo é o mais simples e popular, feito sob medida para turistas, mas há outras trilhas mais avançadas na região, para onde ele leva grupos que gostam de se aventurar no pedal.

E o tempo todo, ele está atento à gente. Se atrasamos, se caímos, se estamos pedalando errado.

E, principalmente, se estamos sendo devorados por mosquitos.

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Aliás, eis aqui umas informações importantes:

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O que levar para uma trilha de bike em Bonito:

Protetor Solar: sim, porque o sol é bem forte, especialmente se você pedalar na parte da tarde. E dependendo de onde será sua trilha, será necessário pegar um trecho de estrada como o que pegamos, sem sombra nenhuma.

Repelente: Passe, e tenha cuidado para passar em todos os cantinhos de pele expostos (por exemplo: nós passamos em todo o braço e esquecemos de passar no cotovelo. Resultado: 17 picadas num braço só).

Roupa de banho por baixo: vale a pena! Os rios são deliciosos!

Garrafa de água e barras de cereal : dependendo da trilha escolhida (aqui neste link está a relação dos passeios por lá, que variam em quilometragem, horas e esforço), pode cair bem uma parada para lanche e repor as energias. A água, de qualquer modo, é obrigatória e necessária ao longo da caminhada.

Roupas confortáveis: lembrando que você vai pedalar, depois tomar banho, e depois pedalar de novo, vale a pena escolher roupas que sequem fácil ou que não restrinjam os movimentos. Os calçados são de uma recomendação especial – eu usei aquelas sandálias de trilhas, que podem ser usadas na bike e na água, porque não queria calçar o tênis molhado. Roupa de ginástica é uma boa pedida.

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 Qual o ponto alto da trilha? Três, na verdade. O primeiro é a para para o banho numa área deliciosa do rio, próximo a umas pequenas corredeiras. O mergulho é delicioso; o lugar também, e enquanto você vai se esbaldar por lá, o Márcio vai procurar um cantinho especial nas árvores que só ele conhece para tirar uma foto sua lá cima!

Bonito_MS_2

Só por isso, para mim, já valeu o passeio, porque a pedalada foi bem legal.

Mas continua: e o próximo ponto bacana é plantar uma árvore. Mas porquê? A explicação – e iniciativa – vem do próprio Márcio:

– Quis começar esse projeto como uma forma de contribuir para essa mata, que os permite fazer essas atividades. Plantar uma muda de espécies nativas é uma forma não só de fazer com que o turista deixe a sua marca e a sua contribuição para o lugar, como uma forma de recuperar a mata ciliar que constantemente é agredida.

Por isso, todo turista – eu disse, todo – que faz o passeio de bike planta também a árvore, em um local indicado por Márcio, geralmente em matas próximos a córregos e rios. “Mas tem dado certo?”, eu perguntei.

– Com essa iniciativa já foram mais de 1.000 mudas plantadas – ele responde. – Muitas eu já vi que morreram, seja porque foram comidas por animais que gostam de arbustos (afinal, as mudas são pequenas e ainda sensíveis), ou porque foram danificadas por algum outro fator. Mas já tenho visto também muitas que vingaram e estão crescendo.

Eu plantei um pé de ipê roxo, uma das minhas árvores preferidas. Tá já concluída uma daquelas três missões que a gente tem na terra! 🙂

E se você for a Bonito daqui a 6 anos e tiver passando pela margem do Rio Formoso, vê se tem um ipê roxo jovem crescidinho por lá. Se tiver, me avisa, tá? 

plantando a muda

 Mas o Márcio estava com pressa. E foi só terminar de plantar as mudas que a gente montou de volta nas bicicletas, pedalando.

Pressa para voltar? Não – era para assistir o espetáculo mais bonito que o Centro Oeste oferece diariamente: o pôr do sol de lá.

Bonito_MS_por_do_sol

 Quem já foi à região Centro Oeste sabe do que eu estou falando: o pôr do sol é daqueles laranjas, escancarados de tão bonitos!

E, segundo o Márcio, tem um lugar especial em Bonito para assistí-lo e tirar fotos lindas. No que a gente foi apertando o passo – ops, o pedal – para lá…

Mas sabe o lance das fotos lindas? Então, já no caminho dava para tirar um monte!

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Até que chegamos! O nosso “camarote”, pelo visto, era ao pé de um coqueiro solitário, lindo.

Bonito_MS_bike-logo-guara7

Foi esse o terceiro ponto alto do passeio e fechar com chave de ouro uma pedalada que me pegou desprevenida. De lá e com a noite chegando, íamos seguindo o Márcio, todo paramentado com os refletores nas bikes, pedalando à frente e com calma até chegarmos ao centro do Bonito.

Quanto a mim? Cheguei morta de cansaço e levinha das idéias. E recomendo muito o passeio, como uma boa surpresa que Bonito tem para oferecer e que a gente não espera, exatamente porque a gente vai para lá só pensando em  flutuação.

Para quem gostou da ideia:

Para marcar o passeio de bike basta entrar em contato com o Márcio, nos e-mails loboguara_bikeadventure@hotmail.com ou marciorapel@hotmail.com ou ainda no telefone (67) 9986 3906. Preços variam de acordo com as rotas escolhidas, que podem ser vistas neste link. Ou, ainda, dá para fechar com agências de turismo da região: fechamos foi a que fica dentro do HI Hostel, a Bonito Ecological  ótimo atendimento, atenciosa, bilíngue e rápida na organização das coisas.

 Essa jornalista e blogueira que vos fala foi a Bonito a convite do HI Hostel Bonito e de seus parceiros, como o Grupo Rio da PrataEstância Mimosa e Lagoa Misteriosa

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Links para ajudar a organizar sua viagem a Bonito:

Hotéis e pousadas em Bonito Agência para reservar os passeios | Aluguel de carros no aeroporto de Campo Grande (MS)

E mais posts:

Bonito para iniciantes: como ir, onde ficar, o que fazer e qual a melhor época para visitar?

Nascente Azul: vale a pena incluir no seu roteiro?

Flutuação no Rio da Prata: porque esse é o melhor passeio de Bonito

Bonito by bike: Esporte, trilhas e ecoturismo sobre duas rodas

Lagoa Misteriosa: um dos melhores lugares para mergulhar no Brasil

Onde comer em Bonito: dicas de restaurantes, bares e lanchonetes por lá

Bonito Hostel: um review da melhor hospedagem econômica de Bonito

Bonito: escolhendo as atrações e planejando o seu roteiro

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

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