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Aviso: este post está coalhado de elogios. Desculpem, mas Dahab faz isso com a gente. Não por acaso, ganhou o título de “único lugar pelo qual eu voltaria ao Egito. Facinha, facinha”.
Sério. Eu já cantava essa pedra em outros posts sobre o Egito, aqui e aqui.
Fiquei só dois dias. E por isso, recomendo para qualquer pessoa ficar mais – e se a proposta for mergulhar, reserve ao menos 5 dias. Não que a cidade seja “enoooorme” – muito pelo contrário, é bem “chica”. Mas é um dos lugares em que você merece gastar seu ócio por lá. Sem medo de ser feliz.
Primeiro: há que se dizer que Dahab não tem praia. A costa é toda cheia de pedras, e salvo trechos bem estreitos em que o calçadão contempla um espaço para chaise longues espremidas, não tem onde se esticar na areia. Mas tudo bem: o bacana de Dahab está debaixo d`água, e não em cima.
Três programas são imperdíveis em Dahab: mergulho, bicicleta e comida (e aí a ordem dos fatores é você que escolhe). A bike é uma excelente aposta: a cidadezinha é cortada por deliciosas ciclovias que percorrem a orla ou atravessam a rua mais comercial, a um quarteirão da praia. O aluguel da magrela pode ser feito por algumas horas ou pela diária (recomendo fortemente essa segunda opção, já quem a diferença de valor não é muita e, mesmo que você não seja adepta do pedal por um dia, é bem melhor curtir o passeio sem ficar com um olho no guidão e outro no relógio).
Nós ficamos na Penguin Village, essa da foto. As instalações são simples, mas o suficiente para o que se precisa: uma cama confortável, um quarto limpo e uma vista assim… deliciosa!
O staff é bem atencioso e, logo em frente, tem um restaurante também, do mesmo grupo.
Mas o restaurante que eu super recomendo é o Funny Mummy – o que nos leva, agora, a entrar na categoria: comida! 🙂
Fica na rua da praia (Mashraba Beach, G/H 5), e para quem vem do Peguin Village são apenas alguns metros para a direita, de frente para a praia. E nem sou eu só que estou dizendo; segundo a Lonely Planet, o restaurante foi eleito como a terceira das 48 coisas a se fazer em Dahab.
O clima é esse aí: almofadões, tapetes, mantas coloridas, mesas baixas, esteiras. E cheiro de mar e céu estrelado (estupidamente estrelado, aliás) à noite.
A paixão foi tanta que visitamos o lugar no café da manhã, almoço e jantar. E, se nos dois primeiros o Funny Mummy deixa um pouco a desejar, o ambiente se supera de noite.

Ah, curiosidade: tem vários gatos no Funny Mummy (na verdade, tem vários gatos no Egito todo. E se no tempo antigo eles eram animais sagrados, hoje estão lá por uma matemática muito simples: onde tem gatos é garantia de não ter ratos. Fato).
Mas assim… Eles não pertencem ao restaurante (mas ficam por lá porque de bobos não tem nada) e nem vão ficar correndo atrás da sua comida. Vão, sim, pedir colo. Folgadíssimos, basta um “pssst” para eles se refestelarem no seu colo. Então, se você ama bichanos, aproveite – eles ficam quietinhos. Se não, sem problema e sem agressão aos bichinhos: basta chamar o garçom e pedir um potente dispositivo “anti-gatos”: uma garrafinha borrifadora cheia de água. Nem sempre precisa usá-la: basta mostrar aos bichanos que eles já somem de perto. É tiro e queda.
Mas a boa é a noite, né? Então, chegando lá, tente pegar sua mesa (ou sua almofada) numa parte confortável e se possível, sem toldo (o céu quase que eternamente estrelado do Egito é imperdível). O ambiente lota, e como a noite começa cedo (para nossos padrões brasileiros) não deixe para chegar muito tarde, sob pena de não achar o seu cantinho.
Uma vez ali, peça (nesta ordem. Vai por mim):
- uma fogueira para esquentar do frio de noite (o barulhinho do carvão crepitando também é um elemento fundamental);
- um narguilé (escolha o sabor maçã verde. Eu, que não fumo neca de pitibiriba, adorei);
- um chá beduíno (cortesia da casa. Você não paga, toma quantos quiser e combina mil maravilhas com o narguilé);
- uma pizza árabe. O sabor você escolhe, porque a pizza deles é deliciosa. Só Alá explica…
A cena é mais ou menos essa aí, ó…
Vale dizer que a trilha sonora deles, meio lounge, é imperdível. E quem faz a seleção das músicas é o dono, um jovem egípcio bem simpático. Reparem (na música, não no rapaz).
PS: eu fiquei sem graça de pedir na hora e me arrependo, mas soube que teve gente que pediu – discretamente – para o rapaz gravar um CD com as músicas, por um módico preço. Então, se você gostar, peça para você também.
E se conseguir, eu até racho o preço da cópia com você! 🙂
Não gostou da idéia da pizza, ali em cima? Tente o Tzaziki, prato grego deliciosamente adaptado para o clima egípcio. Pepinos, cebola, temperos deliciosos e iogurte – servidos sozinho ou com lascas de frango: opção leve e refrescante para acompanhar pães árabes quentinhos e solitários. Hummm…
E só para fechar a seção comida com chave de ouro, peça uma sobremesa – que infelizmente eu não sei o nome – mas que vale cada colherada: uma porção de pedaços cortados de frutas servidos em um “bowl” de cerâmica, embebidos na calda de açúcar árabe (ou em mel, o que vc escolher) e que chegam à sua mesa, lindos, quentes e com aquela crostinha gratinada e crocante recém saída do forno. Em cima, uma bola de sorvete de baunilha para detonar choques de temperatura e delírios gustativos.
Ok, aviso que é grande e um pouco enjoativo – vale a pena dividir – mas não deixe de provar. Seguramente uma das melhores sobremesas que experimentei em todo o país.
Masssss… Em Dahab, a cereja do bolo está, metaforicamente falando, debaixo d’água.
Ali, azulzinho, todo um Mar Vermelho para você – que é, ao lado da Barreira de Corais da Austrália, considerado o melhor lugar do mundo para mergulhar.
Então, não deixe, mesmo, de experimentar isso!

Sharm-el-Sheik também tem a fama de ter bons pontos de mergulho, mas segundo eu ouvi dos guias egípcios (alguns, eles mesmos, praticantes do esporte), Sharm tem muita incidência de tubarão. Nao sei se estatisticamente isso procede, mas pelo sim, pelo não, resolvi não arriscar para atestar na prática, cara a cara com o bichinho!
Vale muito a pena fazer o mergulho. Para quem já tem carteirinha PADI, a oferta é absurda de aluguel de equipamentos, além de passeios por diversos corais da região – o mais famoso é o Blue Hole, mas são várias as histórias de gente que já perdeu a vida ali, ou porque não tinha o treinamento necessário, ou porque era cascudíssimo e achou que poderia se “aventurar” mais. Então, dá para fazer o passeio por lá, mas só cuidado para não se aventurar muito – ou encontre um guia de mergulho extremamente experiente!
E quem não tem a carteirinha (como eu), pode fazer o batismo ou optar por fazer todo curso por lá. E que é, diga-se de passagem, infinitamente mais barato que aqui no Brasil. Mas pelo que vi, é feito com qualidade e cheio de certificações.
Só para fins de comparação, o batismo lá (um mergulho de 50 minutos até 8 metros de profundidade), com todas as instruções básicas, guia exclusivo por pessoa e aluguel do material, saiu por 40 dólares. Contratado na agência de mergulho da Penguin, que fica ao lado da recepção da pousada – preços e cursos podem ser encontrados aqui.
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Um breve relato de como foi: Fiz só o batismo, porque tava sem tempo mesmo. E lembro que, assim que paguei, vieram todas as reticências e poréns na minha cabeça: a água estava gelada, era inverno, eu tava com nojinho da roupa… Será que valia a pena por um batismo tão rápido? E se o guia me explicasse uma coisa em inglês e, por causa do sotaque árabe eu não entendesse? E se eu me engasgasse com a máscara? E se eu não me desse bem com o cilindro?
Tudo frescurite aguda minha. Entrei na água. Gelada.
E tudo isso sumiu assim que eu vi o primeiro peixe-palhaço na minha frente. E outro. E vários outros. Eu tinha encontrado não um, mas vários Nemos.
Não sei como é nos outros lugares, foi minha primeira experiência. Mas ali em Dahab, bastam 7 metros para baixo da costa para mergulhar num mundo colorido, 3D.
Sempre li os posts da Lucia Malla, do blog Uma Malla pelo mundo, que traz os melhores textos sobre mergulho que conheço (e que recomendo fortemente). Mas ali, passei a acreditar que mergulho é quase como uma meditação.
Primeiro porque estamos, mais do que nunca, conscientes da nossa respiração e de como ela rege os nossos movimentos.
Segundo, porque o conceito de velocidade é diferente, e tanto os movimentos quanto a nossa ansiedade devem respeitá-lo (e aí a gente também aprende que pode, às vezes, deixar-se fluir).
Terceiro, porque há silêncio – ou, pelo menos, um som totalmente peculiar. E, principalmente, porque a experiência é única, pessoal e intransferível: não dá para gritar de felicidade ou soltar um “uau” de admiração. É uma experiência de beleza que a gente vê e guarda a emoção para a gente, deixando escapar, no máximo, através de um “ok” contido feito com as mãos. O sorriso – aquele, largo e pleno de satisfação – fica para dentro, iluminando a gente.
Entendi, ali em Dahab, porque mergulhar dá aquela paz danada.
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Como chegar:
Não tem aeroporto em Dahab. Então, você pode vir de avião do Cairo a Sharm el Sheik e de lá pegar um transfer até Dahab, ir de ônibus convencional saindo da rodoviária (são 9 horas de viagem) ou por transfer privativo. Obviamente a proposta de ônibus é a mais barata (e foi a que eu fiz, mas somente porque, na época, era a única disponível em função de vagas), mas só recomendo se você não tem frescura nenhuma. Os ônibus são de linha e confortáveis, mas a viagem é feita por uma estrada ruim (uma das várias razões pelas quais não é aconselhável alugar carro e ir por conta própria) e há várias paradas durante à noite, em que a polícia egípcia para o ônibus para checar a documentação de quem viaja. Então, não chega a ser algo preocupante, mas você pode ser parado várias vezes durante a noite só para apresentar o passaporte. Chato.
Fora que só tem homens árabes viajando no ônibus. O que pode não ser um problema para os meninos, mas para meninas viajando (eu, no caso) é meio chato. Não acontece nada, mas sabe como é – são olhares que fazem você se sentir um mero pedaço de carne.
Eu recomendo, fortemente, fechar um transfer com o hotel que você marcou: alguns saem em vans do Cairo até Dahab, e mesmo a viagem sendo cansativa, pode ser feita durante a noite (você vai dormindo) e segue junto com um monte de turistas, gente como a gente (foi o que fiz na volta, de Dahab ao Cairo). O transporte só muda de acordo com o que você fechou: se sua hospedagem for um resort ou pousada mais chiquezinha, eles mesmos podem te indicar um transporte via Cairo ou do aeroporto de Sharm em ônibus de turismo. Eu fechei tudo em um albergue no Cairo (no caso, vans), incluindo todos os transfers, de modo que sempre tinha alguém me esperando para me buscar. Tudo em inglês. E qualquer coisa era só falar com o pessoal na recepção dos hotéis, tanto em Dahab quanto no Cairo. Sem problemas.
Preço:
Para fins de comparação: Fiquei em Dahab exatos dois dias e duas noites, no início de janeiro de 2011 (exatas duas semanas antes do início da revolução que tirou o Mubarak do poder). Só para vocês terem uma ideia dos valores, eu fechei um pacote que incluía:
- Uma viagem de ida por ônibus convencional (ou seja, aqueles de linha que saem da rodoviária da cidade) Cairo x Dahab (e o respectivo traslado do hostel que eu estava no Cairo até a rodoviária). Um guia me levou e me acompanhou até que eu estivesse sentadinha dentro da poltrona do ônibus;
- Traslado da rodoviária de Dahab até o Hotel Penguin Village;
- 2 noites no Hotel Penguin Village, quarto privativo duplo com banheiro, tudo arrumadinho (mas sem café da manhã);
- 1 day-tour até Petra, na Jordânia (só não era incluído a entrada em Petra, paga na hora) e almoço;
- Uma van privativa (quer dizer, eu e outros turistas) de Dahab até o meu hostel no Cairo.
Tudo isso me custou, na época, 500 dólares (com cotação a R$ 1,75 na época). Mas há que se considerar que são passeios feitos especificamente para turistas (embora o fato de eu ter ido por ônibus na ida barateou muito o preço em relação ao avião), era alta temporada e que, no meu caso, eu tive um agravante do tempo (eu só tinha 3 dias no Egito e fechei a viagem no mesmo dia. Então, só pude pegar os transportes e hospedagens que estavam disponíveis).
Hoje, não sei precisar quanto estaria um pacote desse (e quem souber, me conta! Seria bem legal atualizar essa informação!), mas de acordo com amigos que moram no Egito, já passou a confusão da revolução por lá, e o país precisa, desesperadamente da volta dos turistas para reaquecer a economia. Sinal de que podem ser que tenha boas ofertas de preços agora.
Mas, como disse, eu voltaria fácil para lá… Prova de que foram 500 dólares muito bem investidos.
O que mais fazer por lá?
Além de comer, pedalar, mergulhar e ser feliz? Existem day-trips para Petra, na Jordânia, que saem bem cedo (tipo umas 5 da manhã e voltam em torno de 20 horas da noite). Podem ser fechadas diretamente na recepção de qualquer um dos hotéis de lá (eu fechei a minha no Penguin Village).
Particularmente, eu achei puxado: acho que a Jordânia merece um tempinho a mais, para conhecer o Wadi Rum (deserto fantástico de lá) e para fazer o passeio noturno por Petra, o “Petra by night“, que a fofa da Mari Campos do blog Pelo Mundo conta aqui, e a Claudia do blog “Aprendiz de Viajante” explica também aqui, com uma foto embasbacante de um passeio que, esse sim, deve ser inesquecível!
O one-day tour é puxado, porque envolve basicamente o deslocamento, que é longe, e na prática, a gente não fica em Petra mais do que três horas (e há muito o que se conhecer ali além do “Tesouro”, nome daquele portal mais famoso). Então, se tiver tempo, programe-se para ficar por mais tempo. Se não dá (como era o meu caso), o one-dar tour é uma boa pedida: a gente mata nossa vontade de conhecer, dá um “ok” na nossa Bucket List e fica feliz – Petra é suficientemente linda para merecer o tempo de ir e voltar! Vale a pena para quem tem o tempo curto e a vontade, enorme.
E para quem enjoar do mar, outros passeios pelos arredores incluem visitas ao deserto, passeios de camelo, aluguel de quads, etc. É dali também o ponto de partida dos passeios para o Mosteiro de St. Catherine, no Monte Sinai. Dizem que fazer a trilha para assistir de lá de cima o nascer ou o pôr do sol é uma experiência quase divina.
E, a julgar pelo que aconteceu com o “trekker” mais famoso da região (um tal de Moisés que voltou de lá com tábua, mandamentos e tudo), nós não duvidamos. Nem um pouco.
Também tenho ótimas lembranças de Dahab. Na verdade, o destino foi minha base para subir o Monte Sinai. A caminhada começava à meia-noite e terminava às 4h da manhã e, aí, era esperar o sol nascer. Maravilhoso! Mas isso foi há mais de 10 anos. Espero voltar para poder aproveitar as outras nuances do destino! Bjs!
Silvia, e você ainda partilhou que comeu um frango delicioso por 3 dólares, algo assim, não foi?
Pena que eu não sabia disso na época…! 🙁
Clarissa,
Vc sabe que sou encantada com essa sua viagem ao Egito, né!! E adorei o post de Dahab! Mesmo!
Afinal, nos meus planos, vou algum dia mergulhar no mar vermelho e gostei dessa história de ficar em Dahab.
Que bom que teve um mergulho maravilhoso por lá, só fiquei com medo da água fria…
Beijo
Carla, não se preocupe com o frio – ele passa assim que você vê o primeiro peixe palhaço nadando à sua volta!
Dahab é imperdível. Eu voltaria ao Egito só para ficar por lá! Não deixe de incluir na sua lista mesmo (vale até cortar alguns diazinhos no Cairo para ter mais tempo por lá!).
Dicas super anotadas! Adorei o post e já tô planejando alugar bicicletas e fazer o passeio até Petra na semana que vamos passar por lá. 😉
Grande abraço!
Carina, não deixe de passar também no Funny Mummy! O restaurante é parada obrigatória! 🙂
Adorei o post! Fui pra lá em 2011 e tb fiquei no Penguin. Nos primeiros dias acabei comendo no restaurante do Penguin mesmo, achando que eram todos iguais por ali e não gostei muito do tempero, mas adorei o clima das almofadas e do atendimento. Na última noite fui no funny mummy com um pessoal que conheci subindo o Monte Sinai e amei!! Acabei voltando pra almoçar no dia seguinte como despedida de Dahab! Comi um prato de camarão delicioso!!! Quando eu fui, fechei com o pessoal da pousada um tour de 2 dias que fez Jerusalém, Belém, mar morto e Petra! Foi corrido e cansativo, mas deu pra ter um gostinho destes lugares. Nossa, passei bons momentos por lá e adorei relembrar através do seu post! Pena que vc não assistiu ao nascer do sol do alto do monte Sinai, é espetacular!